quinta-feira, 23 de maio de 2013

HIPOCRISIA MATER - POESIA



HIPOCRISIA MATER

Finjo não ligar pra dor
finjo existir meu laço parental
finjo alimentar minha alma
florir meu jardim
finjo viver num camarim.
Finjo ser poeta e ter mais calor
finjo como Pessoa (o poeta)
finjo sentir saudades
finjo ter mais amor
finjo que me acalmo
na tensão dos teus gritos
finjo não haver anormalidade em nossa relação
não ter rancor ... mágoa ou decepção.
Finjo tanto e tão completamente
que me tornei ator na encenação
da minha própria vida ...
penosa ... sofrida ... aguerrida.
Finjo que ganhei o jogo
que fui premiada ... aclamada.
Finjo não olhar pra trás
não vê meus erros, tuas ordens, tuas decisões,
mas o retrovisor está nos meus olhos marejados
que espelham o pesar das minhas escolhas.
Finjo tanto que criei outra personagem
gerada no âmago da minha tristeza...
finjo, interpreto o filme da minha própria torpeza.
Finjo ... dissimulo ... disfarço ...
no fim: me refaço.

Jeanny Raiol
23/05/2013 - 13:20

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